PRESIDÊNCIA DA CÂMARA MUNICIPAL DA RIBEIRA GRANDE DE SANTIAGO FAZ DECLARAÇÃO SOLENE SOBRE OS 550 ANOS DE POVOAMENTO DE CABO VERDE

António da Noli (um dos descobridores) foi, então, o primeiro capitão-general de Ribeira Grande. Com ele se caminhou para a afirmação autárquica do lugar, a primeira Câmara de que houve memória a Sul do Trópico de Câncer, e cuja memória estará trabalhada em pedra: um formoso pelourinho que enforma a Cidade. Honramo-nos por nos assumirmos como descendentes destes egrégios povoadores; orgulhamo-nos das tradições municipais a que deram origem. E celebramos este ano esse facto.
Foi difícil, muito difícil, sobreviver neste arquipélago. Aqui resistimos a ataques de portugueses e de espanhóis. Aqui resistimos a assaltos de corsários franceses, ingleses, holandeses, até turcos. Aqui defrontámos secas e sedes, tempestades. Enfim, fomos aqui resistência e luta, marcas que nos ficaram nos genes e permitem estendermos hoje, ufanamente e com galhardia, de cara lavada, os nossos braços ao mundo.
Habituámo-nos, desde cedo, ao significado de liberdade: patente na autonomia em que assentou a nossa existência, afirmando-se na independência que marcou esta municipalidade, na fuga para o interior vivida por escravos (badios) que se refugiaram nos cutelos em quilombos, de onde irradiaram por Santiago e todas as ilhas de Cabo Verde.
Foi há 550 anos, em 1462, que se iniciou o Povoamento de Cabo Verde. Precisamente a partir daqui: de Ribeira Grande de Santiago, do lugar que depois teve nome de Cidade Velha e, por isso, ficou – justamente - como sendo o Berço da Nação cabo-verdiana, hoje Património da Humanidade.
Manuel Monteiro de Pina
20 de Janeiro de 2012