A ilha de Santiago vai ver hoje a inauguração da segunda barragem do país, a do Salineiro, infraestrutura integrada num conjunto de outras 16 que o Governo cabo-verdiano quer concluídas até 2016.
Situada cerca de 15 quilómetros a norte da Cidade da Praia, a barragem tem um custo global de 562 milhões de escudos (5,1 milhões de euros) e enquadra-se numa linha de crédito de 100 milhões de euros disponibilizada por Portugal em 2009 para as áreas das energias renováveis e de mobilização de água.
A barragem, a segunda a ser concluída, depois da do Poilão, no concelho de São Lourenço dos Órgãos, construída em 2005 pela China, tem uma capacidade de armazenamento de 701 mil metros cúbicos de água e vai irrigar cerca de 58 hectares de terra nas zonas de Salineiro e a norte de Calabaceira.
A infraestrutura, edificada pela empresa portuguesa Monte Adriano, tem 26 metros de altura e 168 do coroamento - que vai servir de passagem na via pedonal para a Cidade Nova (a nova localidade a ser edificada na Cidade Velha - Ribeira Grande de Santiago) - e ainda uma rede de adução de mais de 500 metros.
A inauguração contará com a presença do primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, e da ministra do Desenvolvimento Rural cabo-verdiana, Eva Ortet.
A 20 de julho será a vez da inauguração da barragem da Faveta, próximo de Achada Igreja, no concelho de São Salvador do Mundo, ainda na ilha de Santiago, edificada também pela Monde Adriano.
Localizada na Bacia Hidrográfica dos Picos, a infraestrutura tem 30 metros de altura, 25 metros de descarregamento, 103 de comprimentos e já armazena cerca de 3.000 mil metros cúbicos de água.
A Barragem de Faveta, orçada em cerca de 500 mil contos (4,5 milhões de euros), vai irrigar cerca de 65 hectares, incluindo as zonas a jusante e a montante, e beneficiar mais de 160 agricultores desta localidade.
Com capacidade para armazenar 704 mil metros cúbicos de água durante uma boa parte do ano, a Barragem de Faveta pode disponibilizar entre 900 mil a um milhão de metros cúbicos de água para rega.
Cabo Verde tem em curso um programa de armazenamento e captação de água, estando prevista a construção, até 2017, de 17 novas barragens (as três da Monte Adriano até 2012), 29 diques de grande porte (a cargo da Mota Engil) e mais de 70 furos, todos equipados com os respetivos sistemas de bombagem e abdução de água, visando obter 75 mil milhões de metros cúbicos de água para rega e casas.
A construção das infraestruturas hídricas transformará Cabo Verde de país em constante stress hídrico num dos mais ricos em termos de água por habitante, alterando significativamente a agricultura e o abastecimento às populações, bem como travar o êxodo rural, criando condições para o desenvolvimento de áreas económicas no interior.
JSD // APN
Lusa