sábado, 24 de março de 2012

Ainda o 1.º Encontro de Poetas de Cabo Verde realizado na Cidade Velha - Afirmações do poeta Danny Spínola, presidente da SOCA

NOTÍCIAS SAPO

Poesia está de "boa saúde", diz Presidente Sociedade de Autores de Cabo Verde (SOCA) 

23 de Março de 2012



Cidade da Praia, 23 mar (Lusa) - A poesia em Cabo Verde está de "boa saúde", com "muitos e bons" jovens poetas, "boa produção" e "heterogeneidade de estilos", mas falha a distribuição, interesse pela leitura, aplicação da lei do mecenato e clarificação dos direitos autorais.

O "resumo" foi feito hoje à Agência Lusa pelo presidente da Sociedade Cabo-Verdiana de Autores (SOCA), Danny Spínola, também escritor e poeta, num balanço sobre o estado da poesia a propósito do I Encontro Nacional de Poetas de Cabo Verde, iniciativa que decorreu na quarta-feira na Ribeira Grande de Santiago ("Cidade Velha").

"Há muita produção, há cada vez mais jovens a interessar-se pela poesia e a quererem publicar poemas. Há muito boa produção, há muitos bons poetas e já com outra visão do mundo, outras leituras, que dão uma dimensão mais universal à poesia.

"Temos uma heterogeneidade de estilos, quer na poesia quer na ficção", sintetizou.

Danny Spínola ressalvou também que, em Cabo Verde, mesmo em termos de parque editorial, o país "está bem servido", com a existência de várias editoras que, disse, "publicam razoavelmente".

Como "grandes défices", o presidente da SOCA destacou o próprio mercado, a distribuição e os leitores.

"Temos potencial de leitores mas não quem compre livros. As universidades expandiram-se muito, quase exponencialmente, o que deu inicialmente a ideia de que viríamos a ter mais leitores. Mas isso não aconteceu, porque são mais académicos e não se interessam pela «leitura literária», a ficção e a poesia", explicou.

Duas das grandes batalhas que a SOCA tem vindo a desenvolver, acrescentou, passam pela aplicação da Lei do Mecenato, há muito criada "mas que não tem funcionado bem", e pela arrecadação dos direitos autorais, "uma vez que nenhum autor recebeu sequer um escudo" pela produção literária.

"O mecenato, que não é a mesma coisa que patrocínios, esses existem, é ainda reduzido e não tem funcionado bem", lembrou, sublinhando que se poderá avançar na defesa dos interesses dos autores se se conseguir arrecadar as receitas dos direitos autorais, algo que pode ser conseguido ainda este ano.

"A SOCA começou o processo em 2010, mas não há uma resposta satisfatória, porque as pessoas não estão habituadas, não têm sensibilidade, e aqui é necessário um pouco de autoridade para que as coisas funcionem", afirmou, frisando que a instituição poderá mesmo recorrer às instâncias judiciais para fazer valer os direitos dos autores.

Danny Spínola realçou à Lusa a vontade da SOCA, tal como as congéneres de Portugal, Angola, Brasil e Moçambique, em apoiar a criação das instituições lusófonas em falta, como as da Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Sobre a criação do Pen Club Cabo Verde, disse que para já não é possível, tendo ficado já a ideia, "que terá de amadurecer", da formação do "pólo" cabo-verdiano dessa instituição, que poderá ficar adstrito ao de Portugal, "o mais próximo e o mais natural".

Em relação ao inédito encontro de poetas, Danny Spínola garantiu que irão realizar-se "muitos outros", envolvendo uma maior proximidade com a juventude, nomeadamente junto das escolas, de forma a "despertar" o interesse e a sensibilidade da população e, sobretudo, dos potenciais escritores e poetas.

"Há muitos jovens com interesse, mas, às vezes, não sabem que é preciso ler muito para se ser poeta. Daremos essa orientação e isso está nos planos da SOCA, fazer intercâmbios municipais em todas as ilhas", concluiu.

JSD.

Lusa

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...